Durante os últimos 23 anos, Dave
Aichinger é o homem encarregado de tomar conta dos bonés dos jogadores da Major
League.
Aichinger
deve ser o único homem com permissão para entrar tanto no vestiário do Kansas
City Royals, quanto no do San Francisco Giants. Ele é o gerente da New Era no
departamento de “Serviços para Times”, por isso é responsável por trocar os
bonés dos Playoffs pelos bonés oficiais da World Series, que os jogadores usam
durante os jogos. Se você acha que esse
não é o trabalho dos sonhos de muita gente, leve em consideração que ele tem
acesso aos vestiários dos times durante os momentos mais decisivos da
temporada, ou seja, ele faz com que as primeiras filas dos estádios pareçam
chatas, afinal, Dave tem a honra de ver cada jogador e saber como os times
estão se sentindo.
“Sempre tem pelo menos um cara
que quer se aquecer na gaiola para treinamento de rebatidas, mas no Royals isso
não aconteceu esse ano. O clima entre eles estava ótimo”, contou Aichinger.
“É a
terceira final do Giants em 5 anos, então eles sabem como a banda toca. É só
mais um dia de trabalho para eles.“
Para Dave, também é só mais um
dia de trabalho e ele tem muito a fazer. Além de distribuir os bonés que serão
usados durante os jogos - nesse ano mais ou menos doze jogadores preferiram
usar os antigos bonés, um número bem abaixo do normal – ele também tem que se
preparar para o que ele chama de “corpo a corpo”. Quando a última jogada
termina, ele tem entre 3 a 5 minutos para distribuir os bonés oficiais de
campeão para todos os membros da franquia, incluindo os executivos e diretores
do time. Ele costumava fazer isso nos vestiários, mas como hoje em dia o evento
é televisionado, ele acredita que existam pelo menos 20 vezes mais pessoas do
que haviam antes.
Se você você acompanhou o jogo 6 da final do
ano passado, provavelmente viu Dave correndo pelo Fenway Park. “Quando chega a
hora, você precisa distribuir os bonés certos para as pessoas certas, então, é
preciso muito planejamento e organização para sair em disparada nesses momentos
cruciais.”
Hoje em dia, Aichinger acabou se
tornando uma lenda da World Series. Nenhum jogador da Major League chegou a uma
final em que ele não estivesse trabalhando. Ele já ajudou jogadores do Red Sox
a colocarem curativos, sem esconder demais os machucados que eles usam como se
fossem troféus, e ajudou o Dodgers a conseguir bonés do jeito que eles queriam.
Ele já durou mais do que os próprios tecidos dos bonés. Quando Aichinger
começou a trabalhar na New Era, os bonés eram feitos de lã, hoje, eles são
feitos de diversos materiais e são muito mais detalhados do que os antigos.
Ele adora falar sobre bonés, mas
o que realmente ocupa seu tempo são as viagens, pois ele passa boa parte do seu
tempo viajando entre os escritórios dos gerentes encarregados dos equipamentos
dos times. Aichinger não pode falar sobre suas interações com jogadores
específicos, mas ele descreve o primeiro jogo da temporada como se fosse Natal.
Novatos abrem as caixas com os produtos dos patrocinadores e “andam de um lado
para o outro mostrando tudo para os veteranos”. Ele guarda com carinho um
jogador que fez isso há alguns anos, e hoje, se tornou um dos maiores
All-Stars. Pode ter sido Verlander, Bumgarner ou Sandoval, mas isso não
importa, afinal, Dave já viu todos. Para ele o mais impressionante é como os
jogadores continuam os mesmos. “Os jogadores não costumavam se preocupar tanto
com nutrição ou academia, mas ainda é o mesmo baseball. Os atletas de vinte
anos atrás são praticamente os mesmos de hoje em dia. Eles precisam trabalhar
muito para chegar onde estão. O sistema da minor league ainda é muito
competitivo, por isso eles precisam lutar para ficar no topo.”
Quando perguntado para quem ele
vai torcer, ele diz que é um pouco mais complicado. Aichinger admite que se for
levar em conta o mercado, ele está torcendo pelos Royals. Ninguém em Kansas teve
a chance de comprar um boné de campeão pelos últimos 29 anos. Uma vitória para
o Royals seria uma vitória para a New Era, pois as vendas explodiriam.
Por outro lado, o gerente
responsável pelos equipamentos do Giants, Mike Murphy, planeja se aposentar depois
dessa temporada. Ele trabalha para a equipe desde 1958, e é tão amado pelo time
que o vestiário no AT&T Park tem o nome dele. “Seria ótimo se ele tivesse
mais um anel”, disse Aichinger. Existe um tipo de irmandade fora do campo.
Existem as pessoas que jogam e as pessoas que cuidam dos jogadores. Para o
segundo grupo de pessoas, o que realmente importa foram todos os anos que eles
passaram no time. “Esse ano parece bem equilibrado”, disse Aichinger. ”Eu acho
que vai ser bem divertido.”
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